O misto de sentimentos... O eterno agir da contradição
A mensagem que tirei no meu livro diário de orações, no dia de hoje, já me preparava para o que eu vivi nesta manhã de sexta-feira nublada.
Vamos de Rubel? Letras profundas
que embalam essa melancólica tarde...
Essa foi uma semana muito
especial. Experimentei, de forma intensa, sentimentos e vivências muito
contraditórias. Meu filho está de férias e eu voltei a trabalhar. Pela primeira
vez desde que ele nasceu minha mãe ficou totalmente aos cuidados. E, eu?
Respirei, aliviada, por conseguir trabalhar, correr atrás dos meus projetos e
sonhos pessoais e saber que ele estava em mãos seguras e com o melhor dos
cuidados que eu poderia lhe proporcionar.
No trabalho, foi aquela diversão.
Estava com saudade das minhas amigas e amigos, que estão comigo cinco dias por
semana, às vezes mais, a maior parte do meu tempo. É uma família. Retoma
contato com a molecada. Planeja atividade. Produz material criativo para grupo.
Fotografa. Posta nas mídias sociais da Unidade. Leva molecada e parceiros para
Sarau Va na Ceilândia. Articula com a comunidade militante. Atende menino que
voltou a infracionar. Faz relatório. Atualiza dados. E um monte de coisa ainda
ficou por fazer, porque o tempo vôa e as demandas nunca acabam.
O sonho do livro coletivo de
mulheres que a cada dia caminha em direção à concretude. Cartas e mais cartas
que chegam e trazem consigo histórias lindas, sofridas, amorosas, de superação,
resiliência e fé no hoje, no amanhã, fé na vida. A entrega ao processo. O
processo de auto emancipação. A consciência sendo expandida e a vida ficando
mais feliz. Reunião com o Jonis no SESC, editais, enfim, muita troca e
sororidade.
A CORE Energetics que não deixa
de mostrar o seu lugar. Gravação de vídeo para o catarse. Trocas. Grounding.
Pulos na cama elástica.
A espiritualidade que não se pode deixar de cuidar. Orações, mantras, meditação, passes, passeio noturno por Planalcity, orações em cada igreja onde minha avó frequentava, celebrando (sim, porque ela está viva em outro lugar e em nós, portanto) os 10 anos de sua partida e lamentando a saudade que fica.
Consegui sair para dançar. Na quinta foi o aniversário das minhas amadas amigas parceiras capricornianas com ascendente em leão. Teve farra, dança, muito SOPAPO e uma mágica energia vibrante tomando conta do lugar. Canteiro Central. Muita história. Muita troca. Muita dança. Muito encontro. Desencontro. Reencontro. Muito coração.
E por falar nele, veio o peso do meu coração, que
insiste em perpetuar esperanças, ilusões, canções... ah! O eterno palpitar. Que
vê a beleza em cada pessoa, em cada lugar. Ops, pára aí. O dia de hoje. A visita
domiciliar. A precariedade. A pobreza. O abandono. A tristeza. Não consegui ver
a beleza lá, naquela casa, junto com a Lê. Meu desejo é de chorar. Vem a raiva
das injustiças, das indiferenças alheias. Mas vem também o reconhecimento
daquelas meninas mulheres, lindas, cheias de vida, lutando, a cada dia, pelo
pão para suas crias. Não surtando. E a Lê e eu, chorando por dentro, pensando
em mil maneiras de ajudar. Ela fazendo articulações. Ligando aqui, acolá. Eu
juntando documento para o CRAS acionar. Ela, insistindo no Conselho Tutelar. As
cestas básicas chegando, o bolo que sobra do lanche do Guerreiros e a Unidade
inteira a se movimentar, para aquela família acolher. Tá vendo, o belo volta a
aparecer. A união que se tem quando se vê a dor, ali, espreita, na sua frente,
gritando por ajuda. E a imagem daquela criança linda, tão necessitada de ajuda,
sorrindo e emanando sua energia de anjo, sem sofrer por aquilo que a gente
sofre. Apenas vivendo e brincando na sua difícil realidade.
Haja fôlego. Haja inspiração. A gratidão
precisa fazer parte. O desejo de entrega genuíno. Termino minha sexta-feira, portanto,
melancólica. Feliz pelas conquistas, pelas vitórias, pelas alegrias, encontros,
reencontros. Mas triste, muito abalada, pela miséria advinda da indiferença e
da desigualdade. Sedenta por justiça. Sofrida por não mudar instantaneamente
aquela cruel realidade. Mas ciente do meu limite. De que faço o melhor que posso,
com o tenho e com o que me é possível e, ainda assim, ultrapassando muitas
vezes o limite da institucionalidade. Sou holística, né? Ah, esse povo da
universidade. Fazia tempo que uma história me deixava tão abalada.
O final de semana será de pura
maternagem. Gurute e eu. O mundo. Os aniversários. A ajuda cooperativa. A
celebração da vida. O Aldo, a Nat, a Jessie. A fogueira. A dinvidade. E emoção da
vida volta a fazer parte. É, preciso respirar e desopilar.
Então vamos botar uma baladinha para essa energia mudar? Vou de Caetano, O Quereres, mostrando a dualidade, a contradição que sempre faz parte. Os opostos.
Comentários
Postar um comentário