A arte de desconstruir-se e o outro como espelho

🎨@danilia_gonçalves*

A música é do Radiohead, uma banda que um amigo querido me apresentou. A letra tem muito a ver com essa carta. Liga o som aê!

Hoje senti muita raiva. Muita mesmo. E quero vir aqui, desabafar sobre isso. Deixar meu eu inferior agir. A alergia no meu pescoço voltou. Além de ser efeito da medicação que tenho usado no processo de desmame, tem a ver com o acúmulo. Esse é um ponto onde acumulamos muitas coisas relacionadas a sentimentos. Emocionalmente falando eu tenho acumulado muitas coisas. De novo! Meu pai teve câncer no pescoço. Recentemente descobri que meu avô paterno tinha hanseníase (lepra). Então eu tenho propensão genética a doenças na pele. E toda doença é física e emocional. Diria até espiritual.

Quando eu era criança, minha avó Paulina me ensinou que quando não temos uma palavra gentil a falar, a gente deve se calar. O silêncio é sinal de sabedoria. Mas ela mesma falava pra caramba, kkkkkkk.

Eu sempre levei esse ensinamento à sério. Quem convive comigo sabe que, na maioria das vezes, da minha boca vão sair palavras de apoio, reconhecimento do belo, que reforçam a auto estima. Quando necessário for (quando a fala/atitude for muito violenta) vão sair palavras de limite. Depois que conheci a comunicação não violenta, passei a buscar uma fala condizente, reconhecendo em mim o sentimento que determinada situação causou e fazendo pedidos empáticos à outra pessoa. Para melhorar a minha vida. Mas nem sempre consigo. E o medo de ferir o outro já me feriu demais. Isso por causa da criança ferida, que teme o não ser amada. Que urge em ser vista e reconhecida. E, por isso, cai na quimera de querer agradar a todos. E, mais, tendo ascendente em áries, eu sei que posso ser muito cruel e dura com as palavras. Esse autoconhecimento me permite ser cuidadosa comigo mesma e com os outros. A gente tem que se responsabilizar pela gente, né?

Mas qual o limite? Estou cansada do descuido alheio. Relações são reflexos. Quando o que o outro faz passa a me incomodar sou eu que devo me olhar. O que é que a pessoa faz que mexe tanto comigo, né? O que reverbera em mim? O sentimento é meu...

Hoje não estou mais disposta a receber tanta paulada. Se liguem nos julgamentos pessoas. Se liguem no que vocês dizem. Sejam mais gentis. A gente nunca sabe o que acontece no íntimo de cada pessoa. A gente nunca conhece toda a história de uma pessoa. A gente nunca sabe o que se passa dentro delas. O que viveram. O que vivem...

É geralmente nos momentos de maior fragilidade que as críticas vem. Quando a gente está mais sensível. Muito maldoso isso. Parece provação. De certa forma eu acredito que seja mesmo. O desafio vem pra gente se fortalecer. 

Então, se liga galera! Minha boca aflita e nervosa não vai mais segurar tanto descuido. Nem meu pescoço. Eu realmente quero romper mais um padrão. O de querer agradar a todos. O mais importante é estar em paz comigo mesma. É meu auto cuidado. Não permanecerei em relações tóxicas. Isso é amor próprio. 

Segue um texto que escrevi no passado e tem a ver com o momento..

"Somos um. Somos nós. Mas também somos os outros. No outro me enxergo, me identifico, me reprimo, me rejeito, me acolho, faço coro. Somos seres sociais. Portanto somos nas relações. Mas somos relação conosco mesmos, porque somos vários em um só. Mesmo quando estou comigo não sou uninamidade. Somos complexidade. Somos conexões reconectas. São infindas as possibilidades de existência. Somos corpo físico, mental, energético e espiritual. Sem a disciplina do cuidado integrado pode vir desequilibrio, anestesiamento. Movimento sempre haverá. A vida é sinuosa. Mas a direção e a intensidade dada a cada curva, a cada onda, somos nós que definimos. E assim se é, se foi e um dia será!".

E, uma coisa, quem toma ansiolítico ou anti-depressivo precisa de cuidado. E não de porrada. A gente está falando de doença mental, e não de frescura. Fica a dica! 

*A Danilia é uma artista linda, hoje residente em Uberlândia. Chegou ate a minha vida por meio da minha comadre Larissa  (sempre me presenteando). Ela faz aquarelas fantásticas. 

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Vamos fechar com Tulipa Ruiz??? Ahhh essa Tulipa.