Yuri, meu irmão de alma
Estou imersa no luto da minha separação. Resolvi encarar isso esse ano. Me permitindo sentir o que não pude antes. E entre tantas coisas desafiadoras que uma separação proporciona, está a quebra (mesmo que temporária) de alguns vínculos.
Coloca essa música. É pra você, Yuri!
Quando a gente casa com alguém cria novos laços. Pra mim, a família das pessoas com quem me envolvo sempre se torna família para mim.
E sim, nos 10 anos que estive com meu ex-companheiro eu tive a graça de ser acolhida por uma linda família. Que eu amo e respeito muito. A bisa virou minha bisa. Os primos e primas também. Assim como os tios e tias. A minha sogra uma verdadeira mãe. E meus cunhados, grandes irmãos. Irmãos que a vida me deu.
Amo muito eles. Cada um a seu jeito. Sei que Felipe não terá ciúmes. Mas eu tenho uma conexão de alma com o Yuri. Deve ser coisa de outras vidas.
Nós estudamos juntos no ensino médio. Mas ele era aquele CDF que não falava com quase ninguém. E olha que como eu falo pra caramba, tentava um diálogo.
Anos após o ensino médio, eu já na UnB, passei a namorar o irmão dele, meu ex-marido. E a nossa amizade/irmandade só foi crescendo. Foi um dos nossos padrinhos. Virou padrinho do meu filho. E que padrinho.
A gente curte arte. Temos gostos musicais parecidos. Gostamos de plantas e natureza. Somos sensíveis. Captamos as pequenas coisas com nosso olhar e nossa alma. Fotografia. Caminhar. Observar o movimento da Cidade.
Depois que Miguel nasceu, a família toda ficou cheia de ainda mais amor. Crianças promovem revoluções. Nunca esqueci o dia que chegamos em casa e, você, Yuri, olhou cada dedinho do nosso menino. Conferiu cada detalhe. E ali nasceu um tio maravilhoso, um padrinho fantástico e um amor lindo entre vocês.
Na época da translactação, eu em meio a um surto de esgotamento, foi no seu colo que Miguel dormiu por oras. Ele te escolheu. Segurança sabe? Criança sabe em quem pode confiar.
E Miguel foi crescendo e você sempre lá. Sempre apoiando nos cuidados. Dando banho, trocando fralda, alimentando, me ajudando no sufoco.
A sua parceria na escola do Miguel, nos rolês culturais, em tudo que diz respeito ao meu filho. Sua presença na vida dele é luz. E, por isso, eu sempre senti confiança em deixar ele com você . Sob seus cuidados. Sei que se um dia Igor e/ou eu faltarmos, você estará lá, cuidando do nosso menino. Então eu rezo sempre e agradeço por você.
Eu sinto muito pelos últimos seis meses. Pelo nosso distanciamento. Pelas tristezas que, por vezes, minhas escolhas possam ter provocado em você. Porque eu te amo muito e te respeito por demais. Mas eu precisava viver um pouco pra mim. Você sabe. Fui num buraco muito fundo pra quem ama viver e está sempre a sorrir. Tive muito medo por desejar a morte. E precisei renascer. E aí a gente mete os pés pelas mãos. A coisa mais revolucionária que tenho feito por mim mesma, nos últimos tempos, é me permitir errar, não querer ser perfeita. Só me respeitar. É uma grande quebra de padrão para mim. Por aqui eu escolho, mesmo sem querer, desagradar a alguns. E tudo bem.
Eu sinto muita saudade de você. Da sua família. Das tardes na chácara. Dos passeios no Parque da Cidade. De ficar no seu quarto ouvindo música e te enchendo o saco. De insistir pra você sair. Então, eu já te disse um tempo atrás e volto a repetir. Meu coração, minha casa e minha vida sempre estarão abertos para você. Aqui, dentro do meu coração, nada mudou. Estarei sempre aqui para você. Hoje, de um novo lugar. E, me desculpa, 21 de outubro de 2017 eu não consegui te mandar os parabéns. Foi difícil pra mim. Mas só saiba que, daqui, do meu novo lugar, eu continuo a orar por ti e desejar as melhores coisas que o universo possa te proporcionar. Você é um irmão de alma para mim. Sempre será!
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