Minha mãe, minha guerreira



Estou num momento sensível. Muitas coisas acontecendo de novo. O movimento da vida, né? Mas, dessa vez, quero passar por eles de um modo diferente. Mais recolhida. Menos exposição. 

Então tomei uma decisão. Vou dar um tempo no blog. Vou focar na construção coletiva do livro que partiu daqui. E em outros projetos profissionais e pessoais. 

Agradeço imensamente a todos e todas que me acompanharam. O mais legal de toda essa exposição maluca foram as mensagens particulares que recebi. Os afetos. Presenças. Novas amizades. A tal das trocas genuínas aconteceram e eu sou realmente muito grata por isso. 

A página do face vai virar Cartas para Nós. 

E, para fechar com chave de ouro, a última carta dessa temporada é destinada à minha mãe. Eu estou muito emocionada. Ela leu a carta antes e permitiu que eu publicasse. Estou vivendo uma fase muito feliz em relação à nossa convivência como mãe e filha. 

Então, estou imersa, também, numa gratidão profunda. 

Meus sinceros agradecimentos a cada um de vocês. Meu sonho sobre esse espaço é que ele ressurja como uma plataforma com várias cartas publicadas. De homens e mulheres. De pessoas que desejam compartilhar com as outras momentos desafiosos. Mostrando superação. A busca por dias melhores. Reconhecendo que a dor pode ser fermento na vida. E, que tudo passa no seu tempo. E o importante é buscar a leveza mesmo no turbilhão de sentimentos. Porque a vida é movimento.

A trilha sonora é um mantra que tem me acolhido nesses novos tempos de metamorfose. Akaal. Imortalidade. Dá o play e entra na vibe. 


Simbora pra carta?


Essa é a minha mãe. Dona Rosária. Está na fase mais sexy da vida. Sexagenária!

Trabalha desde os 10 anos de idade. Entre cozinhar pros irmãos e ajudar os pais na lavoura. Quando veio pra BsB, aos 17, se não me engano, não foi diferente. Trabalho é seu sobrenome.

Me lembro de quando pequena ela ter pelo menos 04 empregos. As 5h da manhã começava como merendeira de escola pública. Depois vendia sorvete em casa e costurava. Aos finais de semana tinha a banca de roupas na feira de Planaltina.

É a sessentona mais pilhada que conheço. Tenho de onde puxar. Pena que não curte ir pra farra comigo. Mas sei que quando era jovem arrasava no forró. 

Minha mãe faz tudo. E tudo muito bem. Cozinha divinamente bem aquela comida mineira. A melhor carne de porco, o melhor torresmo, o melhor feijão batido e outras mil delícias culinárias. 

Lava, passa, arruma telhado, monta móveis, dirige, costura, cuida do Gurute. Reza. E tá mó beata agora. 

Na nossa história, como ela sempre teve que trabalhar muito, pois meu pai e o do João nunca foram presentes, e, graças a ela nunca nos faltou nada, minha vó e tia Irene ajudaram muito na nossa criação. Portanto, sempre brinquei que tive três mães. Duas virginianas e uma pisciana. 

Elas sempre se ajudaram. Sabe o conceito mais genuíno de família? Vivi com essas três. As três maiores mulheres da minha vida.

Hoje, como a vó e a tia já partiram desse plano, minha mãe e eu estamos tendo a oportunidade de ressignificar nossa relação. De estarmos cada uma no seu papel. De buscar nos respeitar em nossas difereças e retomar o que o tempo e as adversidades da vida nos tiraram. Como é rico poder viver o que temos vivido. Sou tão grata e mais feliz por isso.

Mãe, eu te amo muito. A senhora me inspira demais. A vida nos pregou muitas rasteiras, mas com sabedoria, fé e muito amor a gente vai tomando as rédeas do nosso existir e ressignificando nossas histórias. Obrigada por tudo e especialmente por esses seis meses em que pude assumir minha fragilidade e pedir seu colo e apoio, nos mais diversos sentidos. Gurute tem uma avó fantástica. Você é a minha guerreira. Me inspira com sua audácia, sua coragem e fé na vida. 

Obrigada por ser minha mãe e por todo o amor que dedica a mim. 

Ela e o Gurute fazendo graça


 A família toda no niver de 60 anos dela

Comentários

Postagens mais visitadas