Do que você se alimenta?

🎨@danilia_goncalves*

Não estou falando de comida, óbvio. Apesar de que adoro comer, sou do time das Magalis, e tenho cada vez mais consciência do poder da alimentação no auto cuidado.

Mas para além deste corpitcho físico, somos seres energéticos e espirituais. Somos luz e sombra. Somos eu inferior e eu superior. Somos contradição inerente. Dialética latente. Somos retração e expansão. Somos eterno movimento de existir. Energia que circula o tempo inteiro.

Então, como lidar com energia opostas, mas complementares? Como lidar com essa eterna contradição?

O auto conhecimento, a busca de si é praticamente uma busca espiritual, entendida numa perspectiva antropológica. Porque até a palavra espiritual tem sido vista de modo enviesada, clichê e apropriação do capital. Esse sistema é muito mala, pra não usar um palavrão.

Mas voltando pra reflexão, a auto busca é algo muito transformador. Quando passamos a nos olhar, enfrentar nossos medos, buscar identificar em nós mesmos padrões não saudáveis que repetimos, quando olhamos nossa ancestralidade, quando entendemos o nosso jeito de funcionar para existir no mundo, reconhecendo os entrelaces familiares, as relações com nossos pais, etc., parece que a nossa vida começa a se descortinar na nossa frente. Me remete à ideia do eu observador.

Por vezes me sinto como em um cinema exclusivo. Assistindo a minha vida acontecendo e observando cada ação e atitude. Olhando a repetição dos padrões familiares. Dos padrões sociais construídos e que muitas vezes buscamos nos adequar. Olho os avanços. Os alcances. Os boicotes. Auto boicotes. Vejo o medo bobo. O receio do novo. A coragem na busca.

Esse momento muitas vezes é possível por meio da conexão comigo mesma. Seja a meditação baseada nos ensinamentos do hatha yoga. Ao cantar mantras em sânscrito. Aos fazer orações e evocar a proteção divina. Ao sair de um passe. Quando fiz a prática dos 21 dias da Pachamama. E, especialmente nos relacionar-me com o outro. Porque relações são ótimos espelhos. Pra mim é a experiência de autoconhecimento que mais me faz vibrar. É a mais desafiosa. A mais treta. Mas a mais fantástica. Porque rola conexão. Troca energética.

Pára e observa. Resgata na sua memória. Tem aquela pessoa que você adora estar perto. Que emana uma energia boa. Alegria. Animação. Você se sente bem na presença. Porque será? Ah, porque ela é uma pessoa legal. Sim, também. Mas essa sensação que a pessoa passa só é legal porque se conecta com algo legal em você. Tipo Eu superior com Eu superior.

E tem aquela pessoa que super te conecta com a sua sombra. Aquela cujas atitudes te incomodam profundamente. Que por mais que sejam atitudes e energias dela, te conectam com atitudes e energias suas, semelhantes em algum ponto. São pessoas que te fazem encarar o seu Eu Inferior. Olha o que a Monja Cohen nos fala sobre conviver com ela.


E como eu disse no post anterior, de 08 a 80 existem muitas casas decimais. A paleta de cores na vida é parente do infinito. Então temos variações contínuas e casas decimais infindas.

Mas, para mim, qual é a sacada? Do que eu me alimento? Aí eu apresento novamente pra vocês a Monja Cohen. Olha o que ela fala nesse vídeo sobre o aventurar-se na vida.

Então, eu busco me aventurar na vida. Consciente, inclusive, e buscando estar cada vez mais consciente, das máscaras e personagens que enceno para conseguir passar por esse processo de modo leve, na medida do possível.

Então, eu me alimento de sorrisos, de há-braços, de contemplar o belo, de me engrandecer com as pequenas coisas. De falar besteiras. Da comicidade. Da minha criança interior. Eu busco me conectar com o Eu superior de todas as pessoas. Porque o Divino está em TODOS nós. Eu busco a natureza. Busco aprender com seus ciclos e estações. Contemplo o céu. O movimentar das nuvens, que me mostram que nada é estático. Que tudo é movimento. O tempo inteiro. Eu medito. Canto. Pulo na cama elástica. Caminho. Fico atenta aos detalhes. Celebro as vitórias alheias. Deixo a alegria dos outros me contagiar. Por vezes a tristeza também, no movimento do encontro empático.

É fácil? Nem um pouco. Por vezes eu fico brava. Me chateio. Transbordo. Choro. Tenho uma raiva gigante. Falo palavrão. Grito. Espinho. Quero controlar. Sou egoísta. Afinal, sou sombra também. E o ego é uma espécie de auto proteção.

Eu tenho aprendido a me defender. A colocar minha opinião e pedir que seja respeitada, não necessariamente aceita. A dizer como me sinto. A falar o que me chateia. É tipo viver a Comunicação Não Violenta. É um megaaaa desafio, rs! Porque eu sou violenta sorrindo, muitas vezes. Toma, né? Rsss. A gente sempre pode melhorar. Pedir desculpas.

E tá bom já, né? Vamos encerrar com uma música legal? Vamos com a nova do Rubel. Que está linda. A letra dessa música nova tem crítica social-política (fora temer), de gênero (homem chora sim), faz a crítica à visão romantizada capitalista da vida (a dor tem seu lugar e importância). Ainda tem a pegada do Rap... É pra matar as tietes. PQP. Te amo Rubel.



*A @danilia_goncalves é arquitetada de formação e aquarela desde sempre. É uma mulher de muita luz e que pinta coisas lindas em contato com.as sombras. Ela me inspira muito. Topou fazer as ilustrações do Livro Cartas para Nós. Escolhi essa aquarela porque eu gosto da ideia do beija-flor que espalha amor. Procuro ser assim. Meta existencial, rs!


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