O parto, a aceitação da dor, a liberação de traumas e o que eu aprendi nessa imersão da CORE...


Para ler essa escrita, eu recomendo esse mantra. Ele me ajuda a me conectar com a minha essência. Com a de todas nós. Pois somos luz e o divino habita em TODOS, exatamente, todos e todas nós.


Hoje (03/03), na Core, estudamos sobre os traumas que temos em nossos corpos. Erena Bramos nos explicou que até os 12/13 anos não registramos as abstrações no córtex. Logo, elas são registradas no corpo. E aí está a riqueza da terapia corporal. À medida que vibro o meu corpo, no grounding, por exemplo, permito que ele acesse traumas que não estão na memória. Mas estão na consciência do corpo. Essa reflexão me faz acessar e , talvez, entender toda a sensação de abandono que senti quando Miguel nasceu e o porque meu parto mudou tanto a minha vida. Em geral, quando sentimos dor, nós travamos o corpo, a respiração. Assim, bloqueamos a energia e geramos um trauma em nosso corpo. Para parir naturalmente é preciso sentir a dor, deixá-la fluir. Lembro da Adele, minha doula, me dizendo para aceitar a dor. E quando a contração vinha era a hora que meu mais respirava. Assim, a energia fluía. Meu corpo se abria e Miguel chegava. Após o parto, já em casa, eu tinha sensações muito fortes de abandono e medo. Como tinha estudado muito me preparando para o parto e etc, sabia do baby blues, dos hormônios e das histórias que me contaram do meu nascimento, pois nasci já numa experiência de quase morte. Ainda assim, eu não entendia toda aquela intensidade de sensações. Não interessa o porquê do que eu sinto. Eu sinto. Basta. Sentir o sentimento é importante para não nos sufocarmos por ele. A cura não vem só pela história. A cura também vem pela liberação dos traumas, que estão registrados em nosso corpo e em nossas memórias. Em suma, parir naturalmente Miguel, para além da quebra de um padrão familiar, da ressiginificação do meu parto e nascimento, me permitiu a liberação de alguns traumas. Traumas esses que não estavam na consciência, na memória. Mas no corpo. Quanta beleza o Gurute trouxe para a minha vida. Quanta cura nessa jornada da alma.
 

Quando abortei, como já contei aqui, foi do mesmo jeito. Eu tive que respirar muito quando a dor apertava. Quando o cólo do útero se abria. E a posição de cócoras era sempre a minha preferida. E eu vibrava quando agachava nas pontas dos pés. Era grounding. Era liberação de trauma.

Para além dessa sacada que tive, essa imersão da CORE foi muito especial. Estou há três meses sem tomar medicação, pós alta da depressão. Confesso que, dessa vez, senti muito medo nas vésperas da CORE. Medo do que as vivências iriam despertar e como eu ficaria. Na semana da imersão eu tive audiência da separação e guarda do meu filho, foi meu aniversário. Nas semanas anteriores passei por situações bem desafiadoras. Então eu tive muito medo. Mas no primeiro dia fui sorrindo, sentindo que estava no caminho que precisava. E estava certa.

No primeiro dia estudamos sobre as estruturas corporais. Estruturas e estratégias de defesa do caráter. E já foi um baque. Saí de lá bem reflexiva e, diria, triste. Me identifico muito com a subcarga. Sei que tenho outras coisas. Mas essa é a minha essência. Que revela muito sobre a jornada da minha alma. Sim. Alma. Em suma, essa estrutura pode ser muito resumida na frase “Ir fundo no vazio e encontrar vida lá. Descobrir que não falta nada, que não está vazio”. Uau. Já fui nesse vazio algumas vezes. E sempre encontro vida lá. Mas, por vezes, preciso visitar esse vazio para perceber a riqueza. Arriscaria dizer que esse vazio me permite uma conexão profunda comigo mesma e com os outros seres. E, essa conexão, mostra o quanto não há vazio. É aquela idéia que gosto de defender das pequenas coisas. Eu sou fraca. Eu sou pequena. Por isso, sou grande e forte. Porque quando reconheço minha pequenez, minha insignificância, me conecto com outros seres. E não estou mais só. E juntos somos mais fortes. Somos um todo completo. Somos diversidade. Somos contradição. Complemento. Troca. Crescimento. Sombra e luz.

Descobri que perco energia fácil. Por isso tenho baixas energéticas. Porque a gente troca energia o tempo todo. Quando estudamos sobre sobrecarga, no segundo dia, foi muito engraçado e curioso perceber isso. Foi energeticamente pesado. Eu sentia o vazamento energético e, não à toa, cochilei algumas vezes.  

Terceiro dia foi com a Erena Bramos. E eu só me lembrava do Jack. Que saudade dele. E, agora, dela. São  professores já idosos. Que viveram com o John Pierrakos, o fundador da CORE. Foram treinados por ele e estão nessa jornada há muito tempo.

Erena nos ensinou tantas coisas. Que força. Que energia ela tem. Uma verdadeira inspiração. Como ela entendi melhor sobre a jornada da alma, sobre tudo ser transferência. Sobre perdoar a Deus por ter nos tornado humanos. Sobre a CORE, como dizia o John, ser um processo evolutivo que nos ajuda a aprender a tolerar todas as nossas experiências nessa jornada para que a gente possa conhecer a realidade do nosso ser. Inteligência cósmica, o divino, né?

Não tenha nada para ser vencido. Porque nada foi perdido. Aprendi que perdão é saber que o que você faz, eu faço também. Que só a respiração pode nos levar a sentir nosso sentimentos. Que sentimentos grandes não vão nos matar, pois nós damos conta. Retê-los sim, pode nos matar.
Que o que todos nós precisamos é de amor maduro. Amor maduro é sobre a aceitação daquilo que é. A aceitação da minha experiência nesse momento. Isso é diferente de submissão. Oferecer amor maduro a mim mesma é a forma de quebrar um ciclo vicioso. É dizer sim para mim mesma a todo o momento. Para tudo que estou experimentando. Tudo o que sinto é real. O motivo que desencadeia o sentimento pode não ser real. Mas o sentir é. Pensamentos não são reais. Portanto, se algo não é real você pode parar e perguntar: isso é real?

Não existe realidade. É tudo transferência. A realidade é o que construímos.

Não existe maldade. Apenas humanidade tentando sair das suas próprias correntes. Maldade é diferente de destrutividade. O Eu Inferior é uma energia destrutiva. Deus não é só energia construtiva. A destrutividade está na natureza. Isso faz a gente estar à disposição de Deus.

Quando nossos pais geram nossas feridas, a tal da criança ferida, eles nos dão um presente. Por que nos ensinam algo muito valioso sobre a jornada da nossa alma. Então, por exemplo, quando uma relação entre mãe  e filha está invertida, ou seja, a filha cuida da mãe, essa mãe mostra para a filha que ela pode fazer isso.  Mostrou uma habilidade que ela tem. Uma força.

Na trajetória da nossa alma está o perdão aos nossos pais. Pois passamos a olhar para eles e reconhecer que são humanos. Que tem suas dores. Que somos nós quem nos damos amor maduro. Que podemos olhar para nossa criança ferida,c omo adultos que somos, e dizer: “estou com você. Você não está sozinha. Vamos, eu cuido de você”. E, assim, podemos ser nossos pais e mães. Nos auto responsabilizar. Pois aceitamos que essa ferida é sobre a jornada da nossa alma. É o que precisamos para nossa evolução cósmica.

Sou eu que sei dos meus limites. Das minhas máscaras. Das minhas potencialidades. Das minhas fraquezas. Sou eu comigo mesma. E isso já é muita coisa. Pois somos muitos em uma só pessoa. São muitas jornadas. São muitas histórias. São traumas. São vivências. São feridas. Podemos ser generosos no nosso auto enfrentamento.

Eu saí muito mexida dessa formação. E muitas experiências aconteceram antes, durante e após ela. Experiências que tem me confirmado sobre a jornada da minha alma. Experiencias que me fazem chorar e sorrir. Que me fazer sentir raiva de Deus. De realmente querer perdoá-lo por essa jornada. Mas, que, ao mesmo tempo, me preenchem. Me inspiram. Me geram uma esperança tremenda na humanidade. E, portanto, eu sou grata!

Não é nem um pouco fácil morrer, renascer, morrer de novo e assim vai. Mas é preciso. Então eu aceito, e acolho meu medo e tudo que desencadeia dele. E lembro, sempre, que dou conta, que não vou morrer por tanto sentir. E que escolho o tempo inteiro onde permanecer.

Por ora, é isso. Eu preciso estudar. Muito.

Algumas fotos dessa imersão:

O poder das Águas e o Feminino: saudando Oxum

 Nosso coordenador em sua primeira aula sobre Sobrecarga: arrasou!
 Com a amada Erena Bramos: que honra!

Amigos e amigas da CORE na celebração do meu Niver Arco- Íris: energia a mil

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