Sentir o vazio



Houve um tempo. Em que a dor ficou encoberta. Pra que a vida seguisse. Mais a frente, veio nova dor. E ela foi encoberta novamente. E quanto mais a encobria, parece que mais cinza a vida ficava. Mais pesada. Então chegou o momento em que a dor não suportou mais tamanha prisão, pediu pra sair e explodiu. Tomou conta. Dominou todos os espaços. Me entorpeceu. Foi sentida. E doeu profundamente. Mas depois do cinza, já dizia Mateus Aleluia, vem a cor. E ela chegou aos poucos e, de repente, saiu feito arco íris, colorindo tudo ao redor. Uma alegria que veio na proporção da dor. Dominou. E não queria deixar a dor voltar. Sentiu medo de virar cinza novamente. Se perdeu nesse lugar. Euforicamente. Então a dor voltou, mas menos intensa. Foi mostrando que podia coexistir com a alegria. Uma não precisava negar a outra, apenas reconhecer a existência. Sentir cada coisa no seu tempo. Sem roubar o tempo da outra. Inclusive. Sentir ambas as coisas ao mesmo tempo. Acolher. Sentir. Sentir o vazio. Ver o quanto de vida há lá. Recuperar o fôlego. Voltar pro movimento da vida. E seguir.











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